quarta-feira, 22 de julho de 2009

Longas são as noites no ICVS

Ultimamente tenho andado um tanto ou quanto afogado em trabalho...passo literalmente os dias no instituto, as tarefas seguem-se umas às outras e muitas vezes chegam a sobrepor-se, as refeições são feitas a correr, os momentos lúdicos são inexistentes, já perdi o fio à meada de todas as séries que presentemente passam na televisão, interrompi todas as leituras que não sejam de cariz científico,e já há largos meses que não dou um passeio pela bela cidade de Braga.

Cheguei ao cúmulo de não me lembrar da última vez que dormi mais de 7 horas......ah esperem, foi no último fim-de-semana onde consegui dormir aí umas 10 e ainda tive o descaramento de adicionar à contagem um bónus de sesta. Mas dada a actual conjuntura laboral este pequeno episódio não passa de um pequeno oásis no meio do deserto.

O resultado de tanta hora extraordinária, que são tão bem pagas quanto as horas de expediente ( =S ), é que tenho passado os meus serões no ICVS. Por aqui o ambiente nocturno é um pouco assustador. Geralmente não existe ninguém para além do guarda, e é à noite que todos os barulhos estranhos resolvem manifestar-se. Neste preciso momento estou no intervalo de uma imuno e estou paí há 4 horas a ouvir água correr sem conseguir identificar a sua origem, e de tempos a tempos ouço o que me parece ser uma libertação gás! Ah, e agora uma das arcas frigoríficas resolveu ligar o alarme! ( =0 ) À meia-noite as luzes do corredor e dos laboratórios desocupados são desligadas e uma pessoa fica assim entregue à escuridão. De vez em quando tenho de ir a outros laboratórios e aí é que está o baile armado: O edifício, como a Joana já pôde comprovar e o Rijo terá oportunidade de o fazer quando cá vier apregoar a sua mercadoria, é enorme e vaguear pelos corredores escuros faz despertar na nossa mente toda a espécie de pensamentos paranóicos!

Como disse estou de volta de uma imuno...mas há pouco começou a dar-me uma valente fome! Como ir a casa jantar implicava interromper o trabalho resolvi ir à aventura por esse instituto fora à procura de mantimentos. Passei pela sala das refeições e resolvi espreitar o frigorífico...muitas vezes os simpáticos trabalhadores deste instituto deixam ficar comida para os colegas. Bendita a hora em que eu me lembrei disso, mesmo à minha espera estava uma caixa com bifinhos com cogumelos dentro do frigorífico. Uma segunda olhadela revelou mais uma caixa que continha um vistoso arroz de ervilhas...Deus é grande, tinha jantar garantido!!! Contudo a minha felicidade foi perturbada por várias questões:

1)Que é que faz tanta comida aqui guardada?
2)Estará estragada? ou pior, envenenada, por alguém que me quer mal e que sabendo que eu iria ter fome a colocou lá deliberadamente?
3)Isto não é própriamente um restaurante, e como o bar está fechado, onde irei arranjar talheres e prato?

Reflectindo um pouco cheguei à conclusão que tanta comida não seria de algum colega per se mas sim restos de algum almoço que se tenha dado. Uma análise à comida, tão meticulosa quanto a fome, que por esta altura já progredira para uma ligeira sensação de fraqueza, deu-me para ver que tinha um aspecto decente e um cheiro normal...além do mais não mostrava sinais de vida microbiológica! Mas, e como descortinar a questão do envenenamento?...bom lembrei-me de ir buscar um rato ao biotério e dar-lhe a provar um pouco de comida à séria (sim porque eles coitados só têm direito a uns biscoitos secos que apesar de nutritivos não são tão vistosos como a nossa comida). O moço não se queixou nem quinou e portanto era seguro para mim consumir a refeição. Continuava com o problema dos talheres...sou um menino de bem e não posso de modo nenhum comer com as mãos. Ainda perdi algum tempo nisso, mas lá achei numa outra sala pratos e talheres descartáveis.

Bem que maravilha de jantar...àquela hora e com a fome que eu estava,aquilo soube-me pela vida! Agora que tenho as pilhas carregadas posso voltar ao trabalho...o que vale é que já não falta muito...por hoje! :P
Miguel C.
P.S.: Só faltou mesmo o "fino" para acompanhar o jantar...teria sido a cereja no topo do bolo!

2 comentários:

  1. Acho piada à gente que chama de "imuno" ao protocolo... como se qualquer coisa que tenha anticorpos não possa ser chamada de imuno =P

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  2. Há uma pergunta muito importante que se impõe: sujeitaste um rato de outro grupo à mesma alimentação? É que assim vais ficar com um rato do grupo de controlo (ou do grupo experimental) com uma dieta diferente!

    Tenho a certeza que tomaste este aspecto em consideração.

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